não querendo me gabar, mas...... eu acho que eu tô melhorando

ou "vem aí(?????)!"

eu estou sentindo que venho melhorando! tô sentindo que tô saindo de uma temporada de vinte e tantos anos de baixo astral. falo muito sobre como o toc afeta minha vida e de como padrões de pensamento repetitivos e obsessivos estão por trás de tudo que eu faço (até sinto um pouco de vergonha em admitir isso), mas a questão é que essa é minha realidade e escrever sobre é, também, uma forma de processar tudo isso, então me convenço de que tá de boa, tenho permissão pra continuar.

desde agosto do ano passado estou em tratamento e tendo acompanhamento médico, e eu realmente sinto que, a lentos passos, eu tô começando a me sentir melhor. qualquer melhora parece gigante, qualquer alívio, por menor que seja, já faz com que a carga restante pareça significativamente mais leve por comparação. aí, com a próxima melhora, eu sinto o quanto a carga diminuiu dessa vez, esquecendo da vez passada e pensando “aaaah, agoooooora sim eu melhorei mesmo”, “agoooooora realmente está mais leve”. e fica sempre nesse ciclo. não sei se expliquei muito bem kkkk

acho que estou passando por uma dessas melhoras nesse exato momento: venho conseguindo levantar da cama de manhã, terminar as coisas que estavam há meses pendentes e cuidar da minha saúde. lendo isso, me sinto parabenizando o óbvio, o mínimo. mas ainda assim são conquistas, me fazem sentir que estou no “caminho certo”, portanto merecem reconhecimento.

na última sessão de terapia, minha psicóloga conversou comigo sobre essa coisa de “caminho certo”. não vou saber repetir direitinho o que ela disse, mas o que eu entendi foi que não dá pra se prender nessa ideia de certo e errado, não tenho garantia de que as consequências das minhas ações serão boas ou não, se vou conseguir conquistar coisas que eu quero ou não, tudo é uma aposta. é mais interessante tentar.

tudo isso porque resolvi mudar de área uma segunda vez. é assustador, mas é reconfortante também: uma chance de tentar de novo. tenho medo de isso ser uma “fuga da realidade”, me pergunto se peguei esse caminho novo por ele ser melhor ou se é só uma tentativa de fugir do atual por ele estar ficando mais difícil de seguir…

“fui mal em duas provas essa semana, eu deveria largar o curso?” “DOIS não é nada. é um dos menores números. você vai ficar bem”

tudo o que sei é que desse jeito como está agora já é desconfortável, então se existe a possibilidade de acabar com esse desconforto, recalcular a rota e tentar novamente, essa é a que eu escolho! é o que eu consigo fazer, é o que me traz esperança pra tentar ir atrás. não sei se é porque é a ideia mais recente, mas esse é um caminho que, pela primeira vez, me parece promissor.

tô tendo apoio dos meus amigos, do meu namorado, da psiquiatra, da psicóloga rsrsrs e, principalmente, dos meus pais. nem sempre eu tive esse último aí… a ideia também parece combinar com o mercado, com minhas habilidades e interesses. e eu sei que trabalho não tem que ser divertido, trabalho é necessidade, mas se tiver uma maneira de impedir que eu odeie minha vida no futuro, eu quero pelo menos tentar!

o problema é que eu tenho muito medo de isso ser mais um caminho que não vai a lugar nenhum, mais uma tentativa frustrada. só um delírio, impulsividade, surto psicótico, ideia de jerico, fico procurando alguma prova óbvia de que não vai dar certo que todo mundo viu menos eu… sei lá, qualquer coisa que me mostre que trocar de caminho “é errado” e que me faça desistir, que me impeça de pegar esse “caminho tão claramente ruim” já que pode ser que não dê certo. no final, tudo se resume a certo e errado. e a “eu vou morrer¹”

é bem difícil encontrar um meio termo saudável entre esses pensamentos conflitantes, porque todos meio que são tentativas de me preservar de consequências negativas. a qual deles devo dar ouvidos?? por favor, alguém me diga!!

isso é um pouco aquela coisa que a fleabag fala pro padre gato. é meio que o dilema dos tempos modernos², a geração que criou a minha foi criada por uma que impunha muitas limitações e regras as quais seguir, aí na tentativa de impedir que soframos das mesmas dores, criou a minha dizendo que as possibilidades são infinitas, que a gente pode ser o que quiser. o que é massa, não me entenda mal! mas agora eu entendo a necessidade de se procurar um propósito de vida, ajuda a escolher um caminho quando se tem muitos possíveis finais.³

a diferença é que, dessa vez, me parece que eu vou tankar. tô com medo de estar errada e do que vão pensar de mim se eu estiver. aí me apego a esse negócio de “vai com medo mesmo” e vou indo, celebrando cada pequena vitória e me perdoando pelos eventuais contratempos. não quero nem pretendo parar! não sei se já me senti esperançosa desse jeito antes⁴, eu realmente espero que não seja só mais uma decepção kakaka

comemorar essas pequenas conquistas é muito bom, mas é seguido pela pergunta “será que não tô sendo muito permissiva comigo mesma?”

acho que me explicar aqui nesse texto é também uma forma de me convencer a continuar, de “garantir que eu vou fazer dar certo”. só que não existe garantia!!!!! de nada!!!⁵ tudo realmente é uma aposta.

só que aposta tem muito risco e eu não confio no meu julgamento para me manter segura, penso “eu vou me dar mal”⁶. como assim não tá absolutamente todo mundo surtando o tempo inteiro???

aí eu entro em uma de: será que essa espiral não é uma proteção pra eu não fazer uma besteira? e se pegar um novo caminho for tentar escapar do inevitável, uma sabotagem? mas e se isso de achar que o caminho novo é sabotagem for, em si, a verdadeira sabotagem?⁷ eu posso fazer isso o dia todo 😎

é como se eu estivesse permanentemente naquele raciocínio da daphne decidindo entrar ou não no castelo no filme scooby doo ilha do espanto:

a diferença é que a daphne consegue rapidamente se decidir. eu não, todo dia é uma luta pra sair desse padrão, mas eu sinto que realmente vale a pena sair dele.

PELO AMOR DE DEUS TOMARA QUE EU ESTEJA CERTA PORQUE EU REALMENTE ESTOU INDO!!!

que vergonha, me sinto assim:

como se divulgar que eu tô tentando fosse errado, “quem muito fala, pouco faz”, era melhor só falar sobre quando e se desse resultado, “calada vence⁸”…. sei lá

acaba que também me sinto como nesse vídeo kkkkk:

porque a sensação é de que eu já “comecei de novo” tantas vezes que essa vai ser só mais um “ela tá vindo”, mas nunca vindo. sendo que eu literalmente só “recomecei” uma vez!?!? só realmente fui atrás de mudar de área uma vez, essa aqui é a segunda!! tipo, se a expectativa de vida do brasileiro é, atualmente, uns setenta e cinco anos, claro que é normal eu tentar algo mais de uma vez!! é necessário!! dois realmente é um dos menores números!⁹

acho que eu tô só me repetindo ao escrever sobre isso, mas esse padrão é repetitivo mesmo: e se eu realmente só estiver me enganando e ainda tá muito cedo pra “cantar vitória”, falar abertamente sobre mudar de área e “sair divulgando na internet”?? será que eu deveria só apagar esse texto e não pensar mais sobre?

felizmente, percebi que tem dois raciocínios que encerram essas espirais (ainda que elas voltem depois de um tempo):

1. eu quero comemorar!

que massa que eu tô conseguindo me sentir melhor! que eu estou esperançosa!! isso é bom!! eu quero poder me sentir bem! eu quero ter o direito de ficar feliz por conseguir fazer as coisas óbvias, simples e básicas, porque na maior parte do tempo eu simplesmente não consigo!

2. eu não aguento mais viver espiralando assim!!

sério, já chega!! eu tô exausta!

paro. respiro. me apego a essas duas conclusões. vou tentando me focar nas pequenas coisas, tentar, e assim me vejo conseguindo levantar da cama de manhã, terminar as coisas que estavam há meses pendentes e cuidar da minha saúde. e é preciso exercitar isso todo dia. me lembra essa cena de bojack horseman:

“fica mais fácil” “an?” “todo dia fica um pouco mais fácil.” “é?” “mas você tem que fazer todo dia. essa é a parte difícil. mas fica mais fácil.”

eu gosto muito dessa ideia de todo dia tentar e, consequentemente, ter chance de alcançar pequenas novas conquistas. isso me possibilita realmente agir e me dá esperança. queria nunca sair desse estágio, nunca voltar para as espirais. preciso imediatamente internalizar que elas são uma grande perda de tempo!!

o que, de fato, é preciso pra fazer algo dar certo é tentar¹⁰! e esse é o único estágio dentro dessa irracionalidade toda que me permite esse tentar. no fim, me parecem duas boas conclusões pra encerrar esse debate infernal, e por enquanto vem funcionando.

no frigir dos ovos, tudo se resume a esse print

“um conselho para mulheres jovens e inseguras?” “eu acho que vocês talvez estejam pensando demais sobre si.”

acho que eu estava errada quando disse que não iria mais escrever sobre esse tipo de coisa depois que a psicóloga voltasse das férias, porque ela voltou e parece que continuou sobrando pra você o desabafo! kakaka se lascou!!

beijo, tchau!

1. essa é a grande questão da minha vida, tudo o que acontece eu analiso como se fosse naturalmente terminar com minha morte, já que, literalmente, é a única certeza que eu tenho. é cansativo, irracional e, felizmente, eu venho desenvolvendo maneiras de quebrar isso, mas puta que pariu como é difícil!!

2. não sei se é pretensioso dizer isso, afinal de contas não cheguei a essa conclusão estudando a sociedade, é um achismo e também uma repetição de coisas que venho ouvindo ultimamente e fazem sentido pra mim, que parecem explicar a situação. e eu amo uma explicação.

3. tem muitas coisas que eu gostaria de falar sobre isso, mas vou deixar pra outro texto pra eu não perder o foco.

4. meu deus será que essa é a tal da mania??

5. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH

6. dito isso, jamais apostaria dinheiro em casa de aposta, corrida de cavalo ou jogo do tigrinho, tá? foi só pra ilustrar o raciocínio kkkkk

7. consigo até ouvir a voz de pinha dizendo “completamente maluca”

8. imagina conseguir ficar calada?? não poderia ser eu!!

9. nas palavras de márcia sensitiva: RELAXA!!!

10. claro que tem várias nuances e tal, mas chega de complicar!!!! isso era pra ser uma conclusão!